sábado, 13 de outubro de 2012

Especial Professor Leonardo Stuepp

Professor: Leonardo Stuepp
Cursou Matemática e História na FURB – UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU. 
Cursou MBA em Administração e Marketing no IBES. Fez o curso de Dirección Estratégica de La Empresa: Perspectiva Comercial, na Universidade de Salamanca/Espanha
Profere palestras com temas motivacionais e religiosos.Pertence à Paróquia Cristo Rei no bairro da Velha em Blumenau, pertencente à Diocese de Blumenau.
Ministra cursos bíblicos na Paróquia Cristo Rei de Blumenau e Paróquia Santo Antônio de Blumenau.
É coordenador do encontro de noivos da Paróquia Cristo Rei.
Colabora no encontro de pais e padrinhos da Paróquia Cristo Rei.
Coordena o encontro de pais dos catequizandos de Eucaristia e Crisma da Paróquia Cristo Rei.
Tem três livros publicados: Conversando com o Profeta; Carlos o desempregado e O Sarau.
Lançará em breve o quarto livro: Leituras que me ajudaram.



A IGREJA E A JUSTIÇA SOCIAL

Por Leonardo Stuepp
No momento histórico em que vivemos, com mudanças expressivas nas questões econômicas e sociais, muitas vezes nos colocamos em posição de crítica quanto a ação da Igreja de Jesus Cristo e com isto, nos deixamos levar pelo comodismo ou ainda, pela total alienação quanto ao nosso compromisso de evangelização, fazendo com que as correntes contrárias à Fé, tentem “provar” a não existência de Deus ou a ineficácia da ação religiosa, onde as lutas “por novos membros”, fragiliza o Corpo Místico de Cristo, tornando “o ser cristão” como que uma mercadoria, um comércio “da salvação”.
Busco, neste estudo, fundamentado no “Compêndio da Doutrina social da Igreja”, elaborado pelo Pontifício Conselho “Justiça e Paz”, pela Paulinas, em 5a  edição, 2009, apresentar um pouco da doutrina social da Igreja Católica Apostólica Romana, que mais das vezes é totalmente desconhecida por seus membros e também aos amados irmãos de outras denominações, um meio de não só a conhecer intelectualmente, mas que possa ser instrumento de meditação e, principalmente um norte em nossa caminhada no mundo globalizado, em que os valores estão sendo distorcidos e o “ter”, o “poder” e o “prazer” determinam o sonho e objetivo de homens e mulheres, perdidos no tumulto da agitação diária, sem um tempo para reflexões mais profundas, sobre o verdadeiro sentido da vida.
1 - Neste primeiro trabalho, recolho partes da Introdução: Um humanismo integral e solidário. Páginas 18-24., da obra supracitada.
“No decorrer da sua história, e em particular nos últimos séculos, a Igreja jamais renunciou – de acordo com as palavras do Papa Leão XIII – a dizer a “palavra que lhe compete” sobre as questões da vida social.
A Igreja continua a interpelar todos os povos e todas as nações, porque somente no nome de Cristo a salvação é dada ao homem e não se cansa de anunciar o Evangelho que propicia salvação e autêntica liberdade, mesmo nas coisas temporais.
Aos homens e às mulheres do nosso tempo, seus companheiros de viagem, a Igreja oferece também a sua doutrina social.
Ao descobrir-se amado por Deus, o homem compreende a própria dignidade transcendente, aprende a não se contentar de si e a encontrar o outro, em uma rede de relações cada vez mais autenticamente humanas.
O amor tem diante de si em vasto campo de trabalho, e a Igreja, nesse campo, quer estar presente também com a sua doutrina social, que diz respeito ao homem todo e se volve a todos os homens. Tantos irmãos necessitados estão à espera de ajuda, tantos oprimidos esperam por justiça, tantos desempregados estão à espera de trabalho, tantos povos esperam por respeito: “Como é possível que ainda haja, no nosso tempo, quem morra de fome, quem esteja condenado ao analfabetismo, quem viva privado dos cuidados médicos mais elementares, quem não tenha uma casa para se abrigar? E o cenário de pobreza poderá ampliar-se indefinidamente, se às antigas pobrezas acrescentarmos as novas que frequentemente atingem mesmo os ambientes e categorias dotados de recursos econômicos, mas sujeitos ao desespero da falta de sentido, à tentação da droga, à solidão na velhice ou na doença, à marginalização ou à discriminação social [...] E como ficar indiferentes diante das perspectivas dum desequilíbrio ecológico, que torna inabitáveis e hostis ao homem vastas áreas do planeta? Ou em face dos problemas da paz, frequentemente ameaçada com o íncubo de guerras catastróficas? Ou perante o vilipêndio dos direitos humanos fundamentais de tantas pessoas, especialmente das crianças?” (João Paulo II, Carta apostólica. Novo millenio ineunte, 50-51: AAS 93 (2001) 303-304).
O amor cristão move à denúncia, à proposta e ao compromisso de elaboração de projetos em campo cultural e social, a uma operosidade concreta e ativa, que impulsione a todos os que tomam sinceramente a peito a sorte do homem e a oferecerem o próprio contributo. A humanidade compreende cada vez mais claramente estar ligada por um único destino que requer uma comum assunção de responsabilidade, inspirada em um humanismo integral e solidário: vê que esta unidade de destino é frequentemente condicionada e até mesmo imposta pela técnica ou pela economia e adverte a necessidade de uma maior consciência moral, que oriente o caminho comum. Estupefatos pelas múltiplas inovações tecnológicas, os homens do nosso tempo desejam ardentemente que o progresso seja votado ao verdadeiro bem da humanidade de hoje e de amanhã.
O cristão sabe poder encontrar na doutrina social da Igreja os princípios de reflexão, os critérios de julgamento e as diretrizes de ação donde partir para promover esse humanismo integral e solidário. Difundir tal doutrina constitui, portanto, uma autêntica prioridade pastoral, de modo que as pessoas, por ela iluminadas, se tornem capazes de interpretar a realidade de hoje e de procurar caminhos apropriados para a ação: “O ensino e a difusão da doutrina social fazem parte da missão evangelizadora da Igreja”. (João Paulo II, Carta encíclica Sollicitudo rei socialis, 41: AAS 80 (1988) 571-572).
A orientação que se dá à existência, à convivência social e à história dependem, em grande parte, as respostas dadas a estas questões sobre o lugar do homem na natureza e na sociedade. O significado profundo do existir humano, com efeito, se revela na livre busca da verdade, capaz de oferecer direção e plenitude à vida, busca essa a que tais questões impelem incessantemente a inteligência e a vontade do homem. Elas exprimem a natureza humana no seu nível mais alto, porque empenham a pessoa em uma resposta que mede a profundidade do seu compromisso com a própria existência. Trata-se, ademais, de interrogações essencialmente religiosas: “quando o porquê das coisas é indagado a fundo em busca da resposta última e mais exaustiva, então a razão humana atinge o seu ápice e se abre à religiosidade. Com efeito, a religiosidade representa a expressão mais elevada da pessoa humana, porque é o ápice da sua natureza racional. Brota da profunda aspiração do homem à verdade, e está na base da busca livre e pessoal que ele faz do divino”. (João Paulo II, Alocução na Audiência Geral (19 de outubro de 1983), 2: L’Ossevartore Romano, Ed. Em português, 23 de outubro de 1983, 12).
As interrogações radicais, que acompanham desde os inícios o caminho dos homens, adquirem, no nosso tempo, ainda maior significância, pela vastidão dos desafios, pela novidade dos cenários, pelas opções decisivas que as atuais gerações são chamadas a efetuar.
O primeiro dentre os maiores desafios, ante os quais a humanidade se encontra, é o da verdade mesma do ser-homem. A fronteira e a relação entre a natureza, técnica e moral são questões que interpelam decisivamente a responsabilidade pessoal e coletiva em vista dos comportamentos que se devem ter em face daquilo que o homem é, do que pode fazer e do que deve ser. Um segundo desafio é posto pela compreensão e pela gestão do pluralismo e das diferenças em todos os níveis: de pensamento, de opção moral, de cultura, de adesão religiosa, de filosofia do progresso humano e social. O terceiro desafio é a globalização, que tem um significado mais amplo e profundo do que o simplesmente econômico, pois que se abriu na história uma nova época, que concerne ao destino da humanidade.
Os discípulos de Jesus sentem-se envolvidos por estas interrogações, levam-nas eles mesmos no coração e querem empenhar-se, juntamente com todos os homens, na busca da verdade e do sentido da existência pessoal e social. Para tal busca contribuem com o seu generoso testemunho do dom que a humanidade recebeu: Deus dirigiu-lhe Sua Palavra no curso da história, antes, Ele mesmo entrou na história para dialogar com a humanidade e a revelar-lhe o Seu desígnio de salvação, de justiça e de fraternidade. Em Seu Filho, Jesus Cristo, feito homem, Deus nos libertou do pecado e nos indicou o Caminho a percorrer e a meta à qual tender.
A Igreja caminha com toda a humanidade ao longo das estradas da história. Ela vive no mundo e, mesmo sem ser do mundo (cf. Jo 17,14-16), é chamada a servi-lo seguindo a própria vocação íntima”.